quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Soneto do Amor Eterno


Antes de descansar meu amor no teu peito
O meu amor não era nem sequer amor
Como um botão que ainda não é flor
Como um carinho que ainda não foi feito

Extasiado, o meu amor, e embebido
Do calor do teu corpo que flama
Negou a dor que acompanha quem ama
E fez-se amor, o meu amor embevecido!

Egoísta, rogo baixinho, não te ausentes!
Como ficariam estes versos descontentes
Se distância entre nós é o meu inferno

Anseio que em teu peito meu amor perdure
E que além de infinito enquanto dure
Seja duradouro enquanto for eterno.

Eduardo Filho.
28/09/2011

terça-feira, 27 de setembro de 2011

A cor dos olhos dela


Sem querer esqueci meus olhos
Na cor dos olhos dela
Entreguei olhos, olhares e versos
Engoli o passado perverso
Só pra ver a cor dos olhos dela

Querendo deixei um beijo
Na cor dos olhos dela
E a cada beijo, esqueci do tempo
Que teima em passar lento
Longe da cor dos olhos dela

Encontrei o que tanto procurei
Na cor dos olhos dela
Essa beleza tão grande quanto o mar
Onde haveria de estar
Senão na cor dos olhos dela?

E qual será a cor quem tem os olhos dela?
Tem a cor do beijo, do cheiro, da vontade
Do abraço, do desejo, do medo
Da despedida, do reencontro em segredo
Os olhos dela são da cor da saudade.

Eduardo Filho
27/09/2011

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Perdoar não é esquecer.

Perdoar não é esquecer, é lembrar sem mágoas. E lembrar significa não permitir novamente.
Às vezes pensamos que temos a "liberdade" de magoar alguém por termos a certeza do perdão, é como se alguém pudesse cometer um crime tendo a certeza da absolvição. É uma atitude muito perigosa porque o coração de uma pessoa é como uma madeira onde você põe um prego, por mais que você retire, a marca continua lá. O perdão não apaga o que foi vivido, a mágoa pode ser esquecida por um tempo, entretanto a lembrança pode a qualquer momento trazer essa mágoa à tona.
Se você ama alguém, não deixe que falte em seu copo uma dose diária de carinho, atenção, respeito e dedicação. Isso rega e faz o amor florescer, enquanto que as mágoas, cedo ou tarde, podem destruir um grande amor.
Não pense em pedir o perdão de alguém, pense em nunca ter motivos para pedi-lo. A mais simples forma de assim proceder é cuidando "bem do seu amor, seja quem for."


Ternura

Eu te peço perdão por te amar de repente
Embora o meu amor seja uma velha canção nos teus ouvidos
Das horas que passei à sombra dos teus gestos
Bebendo em tua boca o perfume dos sorrisos
Das noites que vivi acalentado
Pela graça indizível dos teus passos eternamente fugindo
Trago a doçura dos que aceitam melancolicamente.
E posso te dizer que o grande afeto que te deixo
Não traz o exaspero das lágrimas nem a fascinação das promessas
Nem as misteriosas palavras dos véus da alma...
É um sossego, uma unção, um transbordamento de carícias
E só te pede que te repouses quieta, muito quieta
E deixes que as mãos cálidas da noite encontrem sem fatalidade o olhar.

Vinícius de Moraes

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Prefácio

Na minha primeira postagem não farei qualquer esclarecimento acerca do que virá depois deste, até mesmo porque, confesso, nem eu mesmo sei.
Este não é meu primeiro blog, tive outro entretanto nunca foi mostrado a ninguém próximo a mim, porém acredito que não serei tímido para esconder este.
Farei uso, analogamente, como prosa inaugural, do prefácio do primeiro livro do Mestre Vinícius de Moraes, chamado "O caminho para a distância", que enquadra-se mais ou menos na minha idéia inicial para criar este blog, transcrevo-o:
"Este livro é o meu primeiro livro. Desnecessário dizer aqui o que ele significa para mim como coisa minha - creio mesmo que um prefácio não o comportaria normalmente.
São cerca de quarenta poemas intimamente ligados num só movimento, vivendo e pulsando juntos, isolando-se no ritmo e prolongando-se na continuidade, sem que nada possa contar em separado. Há um todo comum indivisível."
  Até outro dia!