quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Deixarei


Deixarei-te, mansamente, partir porque em mim tudo está terminado
E não estará mais em meus pensamentos enquanto durmo
Deixarei que morra em mim todo o desejo de te amar incessantemente
Porque esgotou-se em mim a última gota de amor
Tua mão tocará outra mão, tua boca osculará outros lábios
E minhas mãos não tornarão a aquecer os teus seios

Serenamente, deixarei que tente, desesperada, encontrar-me em alguém
Mas o teu corpo não tornará a confundir-se com o meu
Deixarei para que te possuam "mera atriz"
Mas fui eu quem te possuí como ninguém mais possuirá
Porque pude partir inteiro, fazendo de ti metade.

Deixarei para ti, como herança desse amor extinto
As lembranças do amor que um dia foi perfeito
Porque haverá sempre um pouco de mim em ti
Translucidamente, eternizado.

Eduardo Filho
23/11/2011

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Mudança


De que adianta guardar no peito
A lembrança dessa triste paixão
Que lentamente corrói meu coração
Embora seja um amor desfeito?

Inevitavelmente, em sonho eu recordo
Daqueles nossos felizes tempos de outrora
Que como as flores no outono vão embora
E em outra estação, sozinho, eu acordo!

Não obstante tua ausência ainda me doa
Concluo que não és a mesma pessoa
E o tempo do verbo mudou nessa espera

Mudaste brevemente como a maré
Eu não amo mais o que você é
Eu amei quem você era.

Eduardo Filho
16/11/2011

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Soneto do Amor Eterno


Antes de descansar meu amor no teu peito
O meu amor não era nem sequer amor
Como um botão que ainda não é flor
Como um carinho que ainda não foi feito

Extasiado, o meu amor, e embebido
Do calor do teu corpo que flama
Negou a dor que acompanha quem ama
E fez-se amor, o meu amor embevecido!

Egoísta, rogo baixinho, não te ausentes!
Como ficariam estes versos descontentes
Se distância entre nós é o meu inferno

Anseio que em teu peito meu amor perdure
E que além de infinito enquanto dure
Seja duradouro enquanto for eterno.

Eduardo Filho.
28/09/2011

terça-feira, 27 de setembro de 2011

A cor dos olhos dela


Sem querer esqueci meus olhos
Na cor dos olhos dela
Entreguei olhos, olhares e versos
Engoli o passado perverso
Só pra ver a cor dos olhos dela

Querendo deixei um beijo
Na cor dos olhos dela
E a cada beijo, esqueci do tempo
Que teima em passar lento
Longe da cor dos olhos dela

Encontrei o que tanto procurei
Na cor dos olhos dela
Essa beleza tão grande quanto o mar
Onde haveria de estar
Senão na cor dos olhos dela?

E qual será a cor quem tem os olhos dela?
Tem a cor do beijo, do cheiro, da vontade
Do abraço, do desejo, do medo
Da despedida, do reencontro em segredo
Os olhos dela são da cor da saudade.

Eduardo Filho
27/09/2011

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Perdoar não é esquecer.

Perdoar não é esquecer, é lembrar sem mágoas. E lembrar significa não permitir novamente.
Às vezes pensamos que temos a "liberdade" de magoar alguém por termos a certeza do perdão, é como se alguém pudesse cometer um crime tendo a certeza da absolvição. É uma atitude muito perigosa porque o coração de uma pessoa é como uma madeira onde você põe um prego, por mais que você retire, a marca continua lá. O perdão não apaga o que foi vivido, a mágoa pode ser esquecida por um tempo, entretanto a lembrança pode a qualquer momento trazer essa mágoa à tona.
Se você ama alguém, não deixe que falte em seu copo uma dose diária de carinho, atenção, respeito e dedicação. Isso rega e faz o amor florescer, enquanto que as mágoas, cedo ou tarde, podem destruir um grande amor.
Não pense em pedir o perdão de alguém, pense em nunca ter motivos para pedi-lo. A mais simples forma de assim proceder é cuidando "bem do seu amor, seja quem for."


Ternura

Eu te peço perdão por te amar de repente
Embora o meu amor seja uma velha canção nos teus ouvidos
Das horas que passei à sombra dos teus gestos
Bebendo em tua boca o perfume dos sorrisos
Das noites que vivi acalentado
Pela graça indizível dos teus passos eternamente fugindo
Trago a doçura dos que aceitam melancolicamente.
E posso te dizer que o grande afeto que te deixo
Não traz o exaspero das lágrimas nem a fascinação das promessas
Nem as misteriosas palavras dos véus da alma...
É um sossego, uma unção, um transbordamento de carícias
E só te pede que te repouses quieta, muito quieta
E deixes que as mãos cálidas da noite encontrem sem fatalidade o olhar.

Vinícius de Moraes

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Prefácio

Na minha primeira postagem não farei qualquer esclarecimento acerca do que virá depois deste, até mesmo porque, confesso, nem eu mesmo sei.
Este não é meu primeiro blog, tive outro entretanto nunca foi mostrado a ninguém próximo a mim, porém acredito que não serei tímido para esconder este.
Farei uso, analogamente, como prosa inaugural, do prefácio do primeiro livro do Mestre Vinícius de Moraes, chamado "O caminho para a distância", que enquadra-se mais ou menos na minha idéia inicial para criar este blog, transcrevo-o:
"Este livro é o meu primeiro livro. Desnecessário dizer aqui o que ele significa para mim como coisa minha - creio mesmo que um prefácio não o comportaria normalmente.
São cerca de quarenta poemas intimamente ligados num só movimento, vivendo e pulsando juntos, isolando-se no ritmo e prolongando-se na continuidade, sem que nada possa contar em separado. Há um todo comum indivisível."
  Até outro dia!